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15/05/2012
Prova em computador: futura inovação nos concursos

O anúncio feito no início deste mês pelo Cespe/UnB, um dos principais organizadores de concursos públicos do país, de que está preparando para o segundo semestre deste ano a utilização de computadores para a aplicação de provas objetivas de concursos, além de certificações e outras avaliações, pegou de surpresa candidatos, professores e especialistas e levantou dúvidas a respeito do processo.

No último dia 11, no entanto, o coordenador de Pesquisa em Avaliação do Cespe/UnB, Marcus Vinícius Soares, descartou o uso imediato do método nas seleções para o ingresso no serviço público. “Não vejo a aplicação em concurso público uma coisa muito imediata. Acho que há questões bastante profundas que ainda precisam ser discutidas e amadurecidas”, afirmou.

Entre os aspectos que precisam ser consolidados estão a isonomia e a garantia da segurança dos concursos. “Imagino uns dois, três anos para que todas as discussões amadureçam bastante e para que se tenha uma base jurídica sólida para que não haja algum questionamento jurídico que inviabilize o evento”, estimou Soares, acrescentando que, inicialmente, o sistema deve ser usado em concursos de pequenas proporções.

O método, que a partir do próximo semestre já deverá ser utilizado pelo Cespe/UnB, em escala nacional, em certificações e demais avaliações, chama-se Teste Adaptativo Computadorizado e começou a ser aplicado pela instituição em julho de 2010 nas provas de proficiência em Inglês Instrumental, realizadas por alunos da Universidade de Brasília (UnB). De acordo com o organizador, desde então, o sistema vem sendo adequado para a utilização em grandes eventos.

O CAT, como é chamado - em função da sigla em inglês (Computerized Adaptive Test) -, avalia o candidato por meio de uma prova aplicada em computador, calculando a proficiência de forma dinâmica, considerando as respostas às questões, por meio da Teoria da Resposta ao Item (TRI). Por esse sistema, a prova é iniciada por uma questão de dificuldade média, com o nível das questões seguintes aumentando a cada acerto e diminuindo a cada erro. O objetivo é ajustar o grau de dificuldade da questão à proficiência do candidato para que a mesma seja aferida.

Embora isso implique no uso de questões diferentes, de acordo com o MEC, que utiliza o sistema para comparar as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a TRI garante a isonomia das provas. Segundo o ministério, em nota divulgada em 2010, a coordenação da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil ressaltou que o uso dessa metodologia apresenta amplo respaldo na literatura científica internacional e tem sido utilizada em um conjunto importante de avaliações conduzidas por organismos internacionais.

Para a ONU, o sistema possibilitaria ainda a aplicação das provas em momentos diferentes com o mesmo grau de dificuldade. E esse é um dos aspectos a ser considerado para a utilização do CAT nos concursos públicos, já que, sobretudo nos concursos com um número significativo de candidatos, não haveria computadores suficientes nos polos de aplicação de provas para que todos fossem avaliados simultaneamente.

Segurança do processo diverge opiniões

O coordenador de Pesquisa em Avaliação do Cespe/UnB, Marcus Vinícius Soares, observou, no entanto, que a CAT não é adequado para todos os tipos de cenários. Como exemplos de situações onde o sistema não seria viável, ele citou concursos com um número bastante expressivo de candidatos e também aqueles em que haja muitos cargos, com provas de conhecimentos específicos e com poucos candidatos para cada um deles.

No segundo caso, a inviabilidade se deveria ao fato do sistema exigir a formulação e o pré-teste de um grande número de itens para integrar o banco de questões de cada prova, o que dificilmente poderia ser feito nos dois meses que costumam separar a divulgação do edital da aplicação das provas dos concursos.

Mas para o diretor pedagógico do curso preparatório Academia do Concurso, Paulo Estrella, a modalidade pode acabar substituindo o modelo atual. Ele ressaltou, no entanto, que o custo para a aplicação em larga escala de provas em computador ainda é alto e nos grandes concursos pode chegar à beira do inviável no início do projeto.

O especialista demonstrou preocupação especial com a questão da segurança do concurso. Para ele, tentativas de fraude sempre irão existir, sendo importante possibilitar, inclusive aos candidatos, a chance de fiscalizar. “Com um processo no mundo real, fica um pouco mais difícil de esconder essas tentativas. Existem muito mais controladores habilitados. Os próprios candidatos no modelo atual. No mundo virtual, a transparência é menor e temos muito menos pontos de controle. Não me preocupa o perigo de fraudes, o que me preocupa é a capacidade de identificação delas”, argumentou Estrella.

O coordenador de Tecnologia da Informação da empresa de engenharia e software Radix, Paulo Roberto Teixeira Júnior, frisou, no entanto, que o sistema é totalmente seguro e que, na sua opinião, acabará com a possibilidade de fraudes nos concursos públicos. “Não teria mais como fraudar. Você teria um banco de dados com um milhão de questões das quais seriam selecionadas 60, por exemplo. E aleatoriamente, ninguém teria acesso às questões que serão cobradas”, disse ele, estimando um banco de questões bem maior do que o mencionado pelo coordenador do Cespe/UnB, para quem seria necessário pelo menos dez vezes o número de itens da prova. “É uma questão de segurança. Quanto mais questões você colocar, menos se consegue burlar”, justificou Paulo Roberto.

O coordenador de TI ressaltou que a tecnologia para garantir a segurança da transmissão dos dados via rede em escala nacional já está disponível, sendo utilizada com sucesso em avaliações aplicadas em outros países. No entanto, ele observou que a sua utilização demandará mão de obra qualificada, com as certificações específicas para o manuseio dos softwares e equipamentos envolvidos.


Candidatos questionam o uso do sistema

Uma consulta feita pela FOLHA DIRIGIDA a alunos do curso preparatório Academia do Concurso mostrou que muitos estão preocupados com a utilização do novo método de aplicação de provas de concursos organizados pelo Cespe/UnB, no qual, além de responderem às questões pelo computador, cada candidato terá uma prova personalizada e poderá saber na hora o seu desempenho.

Concurseira há dois anos, Fernanda Guimarães foi uma das que questionou o uso do CAT. “De que forma o candidato terá garantia de que o outro está recebendo a mesma oportunidade de pontos que eu? Se não tem nenhuma prova física, como que ele vai poder entrar com recurso? Tem uma série de questões que ficaram em branco. Este procedimento me parece completamente equivocado”, disse ela, sem saber que, segundo informou Marcus Vinícius Soares, do Cespe/UnB, o sistema não prevê a interposição de recursos. “As questões já são todas pré-testadas e todas as eventuais falhas de elaboração já são detectadas nessa fase”, explicou o coordenador.

Para alguns, o problema maior não é o uso do computador, mas o fato das perguntas serem aleatórias. “Pode ser que para um candidato caiam perguntas mais fáceis e para outro caiam as mais difíceis. A gente sabe que há questões mais difíceis que outras, mas a prova tem que ser igual para todo mundo”, opina a estudante Paula, que se prepara para concursos há algum tempo.

Com o método computadorizado, as questões podem vir com recursos audiovisuais, dando mais dinamismo às questões, mas parece que os candidatos ainda preferem o modo tradicional. Essa é a opinião de José Carlos Santos, que se prepara há três anos. “Eu acho que os candidatos não vão gostar. Tem pessoas que têm dificuldades com internet, com computador. Acho que deve haver um preparo dos candidatos, uma simulação. Eu não teria dificuldade, mas acredito que muita gente teria.”

Tatiana Teixeira, que estuda para concursos há seis meses, acredita que o risco de fraude será maior. “Eu acredito que deva atrapalhar muito, porque se já não dão conta com o método tradicional, que dirá com o meio informatizado.”

FONTE: FOLHA DIRIGIDA

 

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