20/03/2019
Questão de bom senso, Paulo Guedes
Poucos se lembram, mas o Ministro Paulo Guedes já teve atuação na área de concurso público: ele foi sócio da Academia do Concurso, uma instituição que atuava e atua no segmento da carreira pública.
Ele sempre acreditou que a “empregabilidade” (tanto no setor privado como no setor público) era e continua sendo um desafio a ser trabalhado em favor das milhares de pessoas que batiam e batem às portas do mercado de trabalho.
Igualmente, ele sempre foi contra o empreguismo e o fisiologismo. São teses que alicerçam o ideário neoliberal de um Estado eficiente, mas sem inchaço da máquina pública. Quem ousaria discordar dessa tese? Talvez somente aqueles que lotearam o Estado e tiraram suas generosas parcelas de vantagens.
Hoje, a realidade do país é outra. As dificuldades orçamentárias são visíveis e sentidas em vários setores da economia. A recessão, agregada a um déficit bilionário da Previdência, jogaram a administração pública numa ladeira abaixo.
Faltam recursos para os investimentos mais elementares. Não é por outra razão que há uma pressão grande para a reforma da previdência e para a retomada do crescimento da Economia.
Isso, entretanto, não significa que o Governo (em todas as esferas: federal, estadual ou municipal) possa correr o risco de um colapso em alguns serviços básicos por falta de um contingente mínimo de pessoal.
É o caso, por exemplo, dos postos de atendimento do INSS. A quase totalidade dos postos estão à beira do caos. Que o digam aqueles que batem às portas do INSS, à busca de um direito líquido e certo de suas aposentadorias.
Poderíamos citar outros casos, como o quadro funcional do Banco Central que, há vários anos, está com um reconhecido déficit. O mesmo se pode dizer da Receita Federal, da Polícia Federal, dos Hospitais federais, da Polícia Rodoviária.
Enquanto o governo tem sido extremamente generoso com as terceirizações, muitas instituições sofrem com a falta crônica de pessoal. Vai daí que não se pode compreender que o Governo Federal fique insensível e promova uma política de terra arrasada no setor público.
Empregabilidade e Digitalização
Empregabilidade é uma palavra-chave, como apregoa o Ministro da Economia há tanto tempo, para vencer essa desumana estatística do desemprego são 13 milhões de brasileiros à margem do mercado de trabalho.
E essa empregabilidade, certamente, terá seu impulso com o crescimento da Economia e, certamente, também com o preenchimento das vagas necessárias para que a máquina estatal não entre em colapso.
A digitalização é necessária, hoje, em todos os segmentos (seja na esfera pública, seja na esfera privada). Mas ela, por si só, não resolve o problema.
Por trás dos computadores, por trás da internet, por trás dessa parafernália digital torna-se indispensável a atuação de pessoas.
Por isso, espera-se que a política neoliberal que está sendo implementada pelo atual governo não se descuide da empregabilidade necessária do setor público, sempre através do mecanismo consagrado na nossa Constituição: o concurso.
Trata-se de uma mera questão de bom senso...
FONTE: EDITORIAL DA FOLHA DIRIGIDA